Como chegamos à Europa! - Parte 2: Uma espiral de prazos e taxas

21:58


Se eu fosse elencar as coisas que mais me deram dor de cabeça no percurso para chegar até aqui (e com "aqui" leia-se "Tomar, Portugal"), não seria especialmente difícil. Muitas vezes essa dor de cabeça nem era tão fundamentada assim, em outras, foi. Mas fato é que foi particularmente trabalhoso resolver todas as pendengas que foram surgindo, ainda mais quando cada uma delas tinha de ser lidada de uma maneira diferente.


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Caso não tenha lido a primeira parte da nossa jornada, você pode fazê-lo aqui.
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Mas voltemos àquela lista de dificuldades que eu mencionei, que eu decidi que o post de hoje vai ser baseado nela. Em uma escala de dificuldade, burocracia e complicações, aqui vai uma lista bem pessoal e pouquíssimo fundamentada sobre o transcurso para virmos até aqui:

5) Passagens aéreas;
4) Inscrição para o mestrado;
3) Passaporte;
2) Transferência SWIFT;
>>***PLIMPLIMPLIM JACKPOT***<<
1) Visto de residência.

Apesar da lista, eu vou tratar dela na ordem em que foi acontecendo. Como eu já falei da inscrição para o mestrado na primeira parte, vou falar sobre uma questão que a envolveu que foi excepcionalmente apavorante: transferência SWIFT.

Com a lembrança de que "esta é a experiência do Fabio e da Inari, que são pessoas não muito organizadas e gostam de deixar tudo para a última hora" bem fresca na cabeça, se não souber o que é uma transferência SWIFT, fique tranquilo(a). Afinal de contas, eu também não tinha a mínima ideia e só fui descobrir do pior jeito possível:

T
A
X
A
S

B
A
N
C
Á
R
I
A
S

Na verdade a transferência em si é basicamente mandar dinheiro para o exterior. Ok, tranquilo, suave na nave e tals. Seria muito simples, não fosse o fato de que fomos, felizes e saltitantes, com nossos formulários e tudo o que era necessário até o Banco do Brasil para fazer a transferência e saímos de lá destruídos, desmotivados, se arrastando pelo chão. Se fôssemos fazer a operação com eles, o valor cobrado em taxas seria maior do que o que tínhamos de pagar!


Eu pesquisei na internet pra tentar entender o que afinal de contas aqueles R$ 380,00 apenas em taxas bancárias queriam dizer. E descobri que havia uma taxinha muito amigável, bem gentil e saborosa, que chega devagar, mas já cravando a faca, que era para cobrir os custos de retirada. O que significava que uma parte desse valor (se não me engano, R$ 100,00) era apenas para que o pessoal do Instituto Politécnico não precisasse pagar nada para retirar o dinheiro.

Tentamos resolver os problemas com o pessoal do IPT, mas estava difícil por conta da quantidade de trabalho que eles estavam tendo com as inúmeras inscrições. Queríamos tentar outros tipos de transferências, mas eles não respondiam e acabamos fazendo o SWIFT. Só que foi na Caixa, e decidimos transferir o valor da inscrição minha & da Inari ao mesmo tempo, pra pagar taxa só uma vez. E, na Caixa, eles não cobravam essa taxa de retirada. E o total era R$ 100,00. O que não é exatamente uma barganha, mas é bem melhor do que a facada que era no Banco do Brasil.

De qualquer forma, com tudo pronto com relação à inscrição, inclusive a transferência SWIFT, tínhamos outras coisas para resolver. A Inari falou "Temos que ver do passaporte e do visto" e eu disse "Ah, mas é tranquilo, isso a gente resolver fácil".

Ledo engano.

A questão é a seguinte (que eu meio que comecei a falar na parte 1): os nossos passaportes eram válidos até 2018, mas venciam antes de terminarmos o mestrado, algo que eu não tinha percebido até então. E para o visto, nós precisávamos de um passaporte que fosse válido três meses a mais do que o tempo de permanência aqui. A cereja do bolo era que o tempo para produção dos passaportes estava em 45 dias, que é muito mais do que nós poderíamos gastar.


A coisa começou a ficar extremamente emaranhada com a questão dos prazos. O mestrado começaria no dia 3 de Outubro de 2016. O resultado só saía no dia 9 de Setembro, e nós só podíamos encaminhar o visto tendo a carta de aceite do Instituto. Só que o visto demoraria mais ou menos 60 dias para ficar pronto. E ainda por cima estávamos com o passaporte com o problema de vencer, e seriam mais 45 dias para este chegar lindo e com 10 anos de validade às nossas mãos. O que significava que, se tudo acontecesse como não queríamos, a gente só ia chegar em Portugal em 2017, no final do primeiro semestre do mestrado.

Gastamos muito tempo ligando para todo tipo de gente e organização pra tentar descobrir o que fazer. Eu, em particular, estava apavorado que a minha bobagem de achar que a validade do passaporte ser suficiente fosse nos impedir de viajar. Liguei para o consulado em São Paulo e o de Porto Alegre, mas as informações eram confusas e eu demorei um tempo considerável pra entender que o visto de residência inicial era válido por apenas 120 dias. O que significava que eu tinha sim tempo para fazer o passaporte novo.

Só que, a partir do momento em que eu mandasse fazer o visto, ficaria sem passaporte. Porque, para fazer o visto, eu precisava enviar o documento junto, para que ele voltasse com o visto já afixado. E para fazer o passaporte, eu precisaria cancelar o que ficasse comigo. Só que o consulado não daria um visto em um documento que não fosse válido...

Isso tudo para dizer que nós dois estávamos no centro de uma espiral decadente de prazos e taxas que dependiam uns dos outros e impediam uns aos outros de funcionar!

Pessoalmente falando, não foi nada fácil passar por cima do medo de tudo dar errado e continuar seguindo em frente. Eu realmente achei que não tinha mais jeito, e que nós íamos ter de desistir de viajar e fazer o mestrado que tanto queríamos. Felizmente, nessas ocasiões, éramos dois para chorar um no ombro do outro e nos apoiarmos mutuamente. O que foi determinante para que não desistíssemos e alcançássemos nosso objetivo.

Não vou entrar em detalhes a respeito de como se faz o visto, porque é aquele tipo de coisa que a gente aprende, entende e deleta da cabeça quando está pronto. Sem contar que tem inúmeros ótimos blogs que dão dicas a respeito de o que é necessário e como proceder. Mas eu sei que, quando chegamos ao final, tínhamos uma pilha considerável de documentos (incluindo um seguro de saúde gratuito fornecido pelo ministério da saúde, chamado PB-4 e que eu recomendo pesquisar a respeito [afinal de contas, é GRÁTIS!]) pronta para entregar no consulado, e a percepção de que ficaríamos pelo menos um mês e meio acompanhando as notícias que vinham de nossos futuros-colegas-de-mestrado sem poder assistir às aulas.


E foi... surpreendentemente rápido. Para um documento que era pra demorar 60 dias para chegar, mas que tomou apenas 30, foi realmente espantoso. E ainda mais surpreendente foi o fato de que, quando ele enfim chegou, o prazo para produzir os novos passaportes tinha diminuído para 6 dias. E, como não podíamos comprar a passagem aérea antes de termos o visto, as duas semanas entre a chegada do visto e a nossa partida serviram para a confecção dos nossos passaportes.

O que significa que, apesar de todos os pesares, de todas as pedras no caminho (e algumas tivemos de escalar, de tão grandes que eram), tudo acabou dando estranhamente certo. Como se faltassem algumas peças em um quebra-cabeças e, com a visão anuviada e a mente confusa, você não conseguisse perceber onde iam cada uma das cinco peças que faltavam. Só que, por fim, tudo deu certo, e elas se encaixaram certinho no lugar que lhes era devido.

Houve muitas outras complicações além das que eu mencionei aqui - o site da companhia aérea parou de funcionar; não conseguíamos preencher formulários corretamente na internet -, mas o post já está confuso o suficiente. Fica o gostinho de quão confuso foi tudo isso, mas é um gostinho agridoce. Ainda que tenha sido complicadíssimo, a recompensa é enorme!

Acho que não vai ter uma parte 3 sobre a nossa chegada na Europa, mas com certeza haverão outros posts a respeito da vida por aqui e os lugares que visitarmos, assim como os costumes das pessoas e a cultura que vamos conhecendo melhor dia a dia.

Até lá, ainda temos de renovar o nosso visto daqui a um mês... mas acho que agora já estamos treinados!

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Postado pelo Fabio
11/12/2016

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